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Net-ASEA: Rede internacional liderada pela UFPB reúne cientistas de três continentes para desenvolvimento de fármacos antiparasitários

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) lidera uma ampla rede internacional de pesquisa voltada ao desenvolvimento de novos fármacos antiparasitários. O projeto, intitulado “Síntese e Avaliação Biológica de Bis-Benzimidazolquinonas: Busca por Novos Candidatos a Fármacos – Rede América do Sul-Europa-Ásia (Net-ASEA)”, é coordenado pelo professor Damião Pergentino de Sousa, do Departamento de Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFPB), e reúne oito instituições de ensino e pesquisa distribuídas em três continentes.
A iniciativa tem como objetivo sintetizar e avaliar a atividade antiparasitária de moléculas híbridas, visando ao desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento de doenças infecciosas que afetam humanos e animais.
Damião Pergentino conta que em 2023 o CNPq lançou um edital de Cooperação Internacional com o objetivo de estimular a criação de redes de trabalho científico entre o Brasil e centros de pesquisa no mundo. Com base nessa iniciativa, o professor Damião Pergentino estruturou, em agosto daquele ano, a Rede América do Sul–Europa–Ásia (Net-ASEA), constituída de 3 centros brasileiros, 2 centros em países da América do Sul, 2 centros na Europa e 1 centro na Ásia.
Além da UFPB, fazem parte a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidad de Talca (Chile), a Universidad de La Plata (Argentina), a Kingston University London (Inglaterra), a Trinity College Dublin (Irlanda) e a Obihiro University of Agriculture and Veterinary Medicine, no Japão.
O projeto teve início no primeiro semestre de 2024 e vem sendo desenvolvido em duas etapas principais: testes de substâncias preparadas na UFPB, e síntese de novos compostos realizada na Kingston University London, durante estágio pós-doutoral do professor Damião.
Visita técnica ao Japão consolida a parceria científica
O grupo da UFPB envolvido diretamente na cooperação conta atualmente com três pesquisadores — um docente e dois integrantes de seu grupo de pesquisa — que atuam na condução dos experimentos e na troca científica com os parceiros internacionais. Uma das ações é o trabalho na obtenção de moléculas com elevada potência e seletividade contra o Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas.
Como parte das ações previstas no escopo do projeto, o professor Damião realizou, entre 22 e 23 de setembro de 2025, uma visita técnica ao Centro de Pesquisa Nacional para Doenças Parasitárias da Obihiro University of Agriculture and Veterinary Medicine, no Japão.

A instituição japonesa, que integra a Rede Net-ASEA, é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como Centro Colaborador para Vigilância e Controle de Doenças Protozoárias Animais. O grupo parceiro é liderado pelo professor Dr. Keisuke Suganuma, especialista em tripanossomíases, doenças parasitárias que acometem humanos e animais. Segundo Damião Pergentino, a colaboração com a universidade japonesa é estratégica para o grupo de pesquisa da UFPB.
“O Dr. Keisuke Suganuma investiga o desenvolvimento de métodos diagnósticos e fármacos frente a espécies de Trypanosoma, exceto o Trypanosoma cruzi, responsável pela doença de Chagas. No Brasil temos avançado na obtenção de substâncias potentes e seletivas contra o T. cruzi. Testá-las também contra outras espécies deste gênero pode resultar na descoberta de fármacos para o tratamento de infecções causadas por estes parasitas em humanos e animais”, disse Damião.
Durante a visita, foram discutidos os resultados experimentais já obtidos e foram definidas as próximas etapas do trabalho conjunto. As coleções de substâncias preparadas na UFPB foram avaliadas em testes biológicos realizados no Japão, com resultados iniciais animadores.

“Alguns produtos apresentaram elevada potência antiparasitária. Nossa próxima etapa é avançar nos testes, visando o desenvolvimento de um composto com potencial aplicabilidade em saúde humana e animal”, afirmou Damião Pergentino.
O pesquisador destacou ainda a excelência da estrutura laboratorial da universidade japonesa e a relevância estratégica da parceria para o Brasil. Segundo ele, embora a cooperação com a instituição japonesa exista desde janeiro de 2024, a visita técnica fortaleceu ainda mais o vínculo entre as duas universidades.
“Em adição, constatei que a estrutura laboratorial é excelente e a pesquisa realizada na universidade, de uma forma geral, propõe resolver problemas relacionados com a saúde animal e produção de alimentos. Acredito que esta parceria também é importante para o nosso país, considerando que a agropecuária é um dos pilares da economia do Brasil”, ressaltou Damião Pergentino.
Texto: Elidiane Poquiviqui
Fotos: Acervo de Damião Pergentino
