O Processo de Restauração do Brasão de Armas da UFPB
O brasão de armas da UFPB foi criado em 1965 pelo beneditino Irmão Paulo Lachenmayer, em Salvador. Considerado o maior heraldista do Brasil no seu tempo e o primeiro artista moderno da Bahia, Paulo criou um símbolo que representa a fundação do estado da Paraíba e o “engrandecimento do Brasil”. Tal símbolo, com o tempo—especialmente com o advento da era digital—sofreu modificações que alteraram suas formas originais e literalmente dezenas de versões diferentes foram surgindo e sendo utilizadas à livre vontade da comunidade acadêmica. A marca da UFPB, portanto, não possuía homogeneidade e rigor técnico, aspectos essenciais para qualquer marca séria, especialmente de uma instituição federal de ensino superior.
Assim, nesse contexto existia a oportunidade de restaurar o estilo gráfico de nosso brasão, característico da obra de Irmão Paulo. Esse processo iniciou na pesquisa sobre a própria obra dele, onde se viu a altíssima qualidade artística e sensibilidade na composição dos brasões de sua autoria. No entanto, nada foi encontrado online sobre os detalhes do brasão da UFPB, como data de criação e imagens dos desenhos originais da época. Então, a única solução era buscar referências dentro da própria universidade e instituições históricas em João Pessoa. Resumindo uma grande jornada de mais de 2 anos:
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A data aproximada da criação do brasão foi descoberta graças a um jornal pernambucano, digitalizado e disponível na hemeroteca digital, da biblioteca nacional;
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Partindo dessa data, foi possível encontrar uma versão para impressão em clichê em um item do arquivo central, na reitoria da UFPB (que foi usado como base para a restauração do brasão);
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Além de encontrar um jornal da época, graças ao acervo da Fundação Casa de José Américo, que noticia a criação do brasão e apresenta uma foto, em preto-e-branco, da versão original pintada (o documento em si, a pintura e descrição heráldica) não foi localizada nesta pesquisa e infelizmente ninguém parece saber onde ele está—perdido para o tempo e o descuido).
Com todas essas informações sobre o brasão em mãos e munido de ótimas referências de arte heráldica, foi possível desenvolver, ao longo de vários meses e com grande iteração, uma versão definitiva do brasão da UFPB, que é, ao mesmo tempo, fiel ao estilo gráfico de Irmão Paulo Lachenmayer e atualizado no sentido técnico, com cores, formas e proporções cuidadosamente definidas para garantir a melhor reprodução possível de um símbolo tão complexo e detalhado (entre os símbolos heráldicos universitários criados por Paulo, o da UFPB é definitivamente o mais difícil de se trabalhar por conta da grande quantidade e distribuição dos elementos). Assim, a UFPB finalmente tem o seu símbolo principal, que é um patrimônio imaterial de valor inestimável, executado com o cuidado que a instituição—e todos os membros da sua comunidade, do passado, presente e futuro—merece.
Descrição Original do Brasão de Armas
Escudo: De azul, polvilhado de flocos de neve, de prata, uma banda ondulada, do mesmo, aguada com duas góticas onduladas, do primeiro, e brocante sobre tudo uma flor de lis, de ouro.
Insígnias: Três fachos, de ouro, acesos ao natural.
Lema: “Sapientia ædificat”.
Comentário: A flor de lis, a neve e o rio ilustram a data magna da Paraíba, sua fundação, 5 de agosto de 1585, dia da invocação de Nossa Senhora das Neves, e regozijo de paz com a expulsão dos invasores. O sangue derramado dos bravos defensores de suas terras e o júbilo à Nossa Senhora “Sedes Sapientiae” foram o alicerce da povoação, e este sangue enobrecido ainda constrói o engrandecimento do Brasil, com o auxílio da Sabedoria, como se lê na inscrição no frontispício do prédio do curso regular de humanidades, 1746, e no lema da Universidade Federal da Paraíba.
Ir. Paulo Lachenmayer, OSB.
Como descrito originalmente pelo autor do brasão e transcrito na ata da 11ª sessão ordinária do Conselho Universitário, realizado em 8 de outubro de 1965. Nessa mesma sessão, foi alterado o nome da instituição de “Universidade da Paraíba” para “Universidade Federal da Paraíba”.
Autor do Estudo: Gabriel Fleig Alves, aluno de Comunicação em Mídias Digitais